O que acontece no cérebro quando se processa a linguagem? E se as palavras afetam a mente de maneiras diferentes, é possível que umas sejam mais persuasivas do que outras? O co-fundador do Buffer, Leo Widrich, mergulhou numa pesquisa sobre este tema e descobriu fatos interessantes. Começo por deixar um segredo bem fresquinho e espero que não o ache muito estranho. Umas das coisas que me fazem perder mais tempo são as palavras; palavras simples, na verdade. Devo dizer “Hi” ou “Hey”? Devo dizer “cheers” ou “thanks”? E que tal “but” ou “and”? Suponho que tenha o mesmo tipo de obsessão. Em muitas ocasiões eu e o Joel sentamo-nos os dois e trocamos palavras, mudamo-las um número sem fim de vezes até que sintamos que está perfeito. Em parte isto serve para melhorar a nossa métrica de taxa de cliques. Também serve simplesmente para criar uma emoção. A pergunta fundamental que nos colocamos é:
A pegunta pode parecer óbvia. Mesmo assim, tem um significado muito diferente de, por exemplo: “Que mensagem queres transmitir?” Ou “Qual o conteúdo deste artigo?” Focando no “Como é que alguém se vai sentir ao ler isto” sempre que escrevemos uma linha de texto, melhoramos imediatamente a quantidade de respostas provenientes dos nossos utilizadores. Explorámos, recentemente, a importância do sono e as horas de sono necessárias para trabalharmos de forma produtiva. Vamos fazer o mesmo com a linguagem e mergulhar na forma como o nosso cérebro funciona com a linguagem. O nosso cérebro enquanto escuta palavrasRecentemente, muitos dos paradigmas antigos sobre como o nosso cérebro processa a linguagem foram derrubados. Novos estudos produziram resultados surpreendentes e diferentes. Um dos estudos mais interessantes foi levado a cabo pela UCL e relata como podemos separar as palavras da sua entoação. Sempre que ouvir palavras, é isto que acontece:
Desta forma, o nosso cérebro utiliza duas áreas distintas do cérebro para identificar a entoação e, de seguida, o real significado das palavras. Pensando bem, o que ainda não faz muito sentido é o porquê de conseguirmos distinguir “linguagem” de forma tão distinta de todos os outros sons. A equipa da UCL tentou descobrir exatamente a razão. Eles reproduziram sons vocais (fala) e, depois, sons não vocais que ainda assim soavam similares aos sons falados. Apesar de medir a sua atividade cerebral, eles descobriram algo fascinante:
Em suma, o nosso cérebro consegue, como um truque de magia, identificar sons de linguagem de todos os outros sons existentes e ainda transporá-los para o “departamento” correto para que este lhes dá sentido. A imagem seguinte dá um resumo geral sobre como o nosso cérebro processa a linguagem: Portanto, a entoação e a forma das palavras interessam, mas o que os divide? O mito da regra “55% linguagem corporal, 38% tom de voz e 7% palavras reaisJá ouviu, provavelmente muita vez, a regra acima. É um dos estudos que mais tem perdurado e tornou-se um sinónimo obrigatório para definir como a linguagem funciona. Esta regra tem sido explorada nos últimos anos e estuda-se, atualmente, o verdadeiro conteúdo das pesquisas realizadas há bastante tempo atrás. O estudo, que remonta a 1967, tinha um propósito diferente daquele que conhecemos e não estava em nada relacionado com a definição de como processamos a linguagem:
Aqui está o que aconteceu verdadeiramente para desencadear a regra acima:
Expressão facial, brevidade e evitar adjetivos no discursoSorria – o gesto emocional mais emocionalHá, naturalmente, uma série de outros elementos poderosos a considerar quando pensamos num discurso. Um dos mais importantes que o investigador Andrew Newberg desvenda no seu livro Words Can Change Your Brain é a expressão facial que carregamos. Newberg expõe o seu raciocínio explicando o porquê de o sorriso de Mona Lisa ter-se tornado numa das pinturas mais conhecidas em todo o mundo:
Não fale mais de 30 segundos numa dada conversaçãoOutro elemento indicativo da forma como processamos a linguagem é o número de palavras que usamos para nos conseguirmos expressar. Claro que isso é óbvio, mas mesmo assim convém relembrar:
Em vez disso, 30 segundos é a quantidade ideal para falarmos, a qualquer momento, diz Newberg:
Evite adjetivos na fala e na escritaDeixar de usar adjetivos é algo que me tem dado imensa luta. Os adjetivos são um dos piores elementos do discurso e podem, inclusive, tirar a confiança a um ouvinte ou leitor. O escritor Kim Peres explica:
Ler isto atingiu-me como um calhau e a mensagem não pode ser mais clara. Peres passa a explicar que “o texto desnecessário induz desatenção”. Os adjetivos podem ser negativos para um discurso ou escrita. Outra coisa que esquecemos numa visão de alto nível é que a utilização de poucas palavras permite construir confiança. Assim, todas as palavras que não transmitam um significado claro podem tirar o interesse de leitores e ouvintes. Este é um dos elementos mais importantes que deve começar por relembrar. 3 das ideias mais importantes na utilização de palavras do dia-a-diaA habilidade de colocar questões: “O que você faria?”Quando li isto percebi que sou um zero à esquerda. Um dos melhores jornalistas e agora empreendedor, Evan Ratliff, coloca-o da seguinte forma: “Tudo o que me salvou (até agora) da loucura é ser capaz de formular perguntas que oferecem respostas úteis”. Ele aponta que todas as perguntas iniciadas com “quem”, “o quê”, “onde”, “quando”, “como” ou “porquê” são susceptíveis a obter grandes respostas. Devem ser evitados “seria”, “deveria”, “é”, “são” e “você acha”, uma vez que podem limitar a reação das pessoas. Para dar um exemplo:
Remova o “é” da sua linguagemEsta dica é super interessante. Alfred Korzybski, o criado da Semântica Geral, estava firmemente convencido que o verbo “ser”, como “Eu sou”, “Ele é”, “Eles são”, “Nós somos” promovem a insanidade. Porquê? Simplesmente porque as coisas não podem ser exatamente iguais a qualquer outra coisa. Joshua Cartwright explica:
Leia a seguinte lista de exemplo e vai reparar imediatamente o quão diferente é o resultado das declarações:
Você (You), porque (Because), gratuito (Free), de imediato (Instantly), novo (New) – As 5 palavras mais persuasivas em InglêsNum fantástico artigo, Gregory Ciotti investigou o top 5 de palavras em Inglês. A sua lista não é surpreendente mas a pesquisa por trás dela é extremamente poderosa. “Você” – o seu nome é fácil de ser esquecido e, mesmo assim, muito importante para uma boa comunicação:
“Gratuito” – Gregory explica o princípio de Ariely da aversão à perda. Todos nós passamos naturalmente do custo menor para o gratuito desta forma: “Porque” – Porque é provavelmente tão perigoso quanto útil. Se cria uma relação causal é incrivelmente persuasivo:
“Imediatamente” – Se conseguirmos desencadear algo de imediato, o nosso cérebro salta sobre o fato como um tubarão, diz Greg:
Último fato rápido: faça 3 comentários positivos por cada comentário negativoA última dica, que me surpreendeu um pouco, vem de Andrew Newberg. A sua pesquisa sugere que os argumentos negativos têm um efeito prejudicial para o nosso cérebro. Precisamos prestar especial atenção para não nos deixar dominar e lutar contra eles numa proporção 3 para 1:
Eu gosto de explorar como podemos melhorar a nossa língua para obter melhores conversas e uma vida melhor. O que você encontrou para trabalhar a sua conversa/escrita? The psychology of language: Which words matter the most when we talk |
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.