segunda-feira, 27 de abril de 2015

Mais Evidências de que as Redes Sociais On-line Têm Efeitos Negativos

 

 

Um estudo com 50 mil pessoas na Itália conclui que as redes sociais têm um impacto negativo significativo sobre o bem-estar individual.

As redes sociais on-line têm permeado nossas vidas, com consequências de longo alcance. Muitas pessoas a usam para estar próximo de amigos e familiares em partes distantes do mundo, para fazer conexões que levam suas carreiras para frente e para explorar e visualizar não só sua própria rede de amigos, mas nas redes de seus amigos, família e colegas.

Mas há cada vez mais evidências de que o impacto das redes sociais não é só bom, nem mesmo só benigno. Uma série de estudos já começou a encontrar evidências de que as redes sociais podem ter efeitos prejudiciais. Esta questão é muito debatida, muitas vezes com resultados conflitantes e, geralmente, utilizando grupos limitados de indivíduos, como estudantes de graduação.

Hoje, Fabio Sabatini na Universidade Sapienza de Roma, na Itália e Francesco Sarracino da STATEC de Luxemburgo tentaram isolar os fatores envolvidos nesta questão polêmica processando os dados obtidos através de uma pesquisa com cerca de 50.000 pessoas na Itália, feita ao longo de 2010 e 2014. A pesquisa mede especificamente o bem-estar subjetivo e também reúne informações detalhadas sobre a forma como cada pessoa usa a Internet.

A pergunta que Sabatini e Sarracino tentam responder é se o uso de redes sociais reduz o bem-estar subjetivo e se sim, como.

O banco de dados de Sabatini e Sarracino é chamado de "Estudo Genérico em Famílias", uma pesquisa feita em cerca de 24.000 famílias italianas, o que corresponde a 50.000 indivíduos, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística italiano a cada ano. Eles usaram os dados coletados entre 2010 e 2014, o ponto mais importante sobre a pesquisa é a seu tamanho e representatividade a nível nacional (ao contrário de outros grupos limitados a alunos de graduação).

O estudo pergunta especificamente "Quão satisfeito você está com sua vida, no geral, hoje em dia?", exigindo uma resposta entre extremamente insatisfeito (0) e extremamente satisfeitos (10). Isto fornece uma boa medida do bem-estar subjetivo.

A pesquisa também faz outras perguntas detalhadas, como a forma como as pessoas se encontram com amigos e se eles acham que as pessoas são confiáveis. Também perguntou sobre o uso de redes sociais on-line como o Facebook e Twitter.

Isso permitiu que Sabatini e Sarracino estudassem a correlação entre o bem-estar subjetivo e outros fatores da vida, especialmente o uso de redes sociais. Como estatísticos, eles foram especialmente cuidadosos em excluir correlações falsas que pudessem ser explicadas por fatores como viés e endogeneidade, onde um parâmetro aparentemente independente está, na verdade, relacionado a um fator não observado desprezado como erro.

Eles descobriram, por exemplo, que as interações pessoais e a confiança que uma pessoa tem na outra estão fortemente correlacionadas com o bem-estar de uma forma positiva. Em outras palavras, se você tende a confiar mais nas pessoas e ter mais interações pessoais, você provavelmente dará uma nota melhor para o seu bem-estar.

Mas, é claro, as interações em redes sociais on-line não são feitas pessoalmente e isso pode afetar a confiança que você tem nas pessoas on-line. É essa perda de confiança que pode afetar o bem-estar subjetivo em vez da própria interação on-line.

Sabatini e Sarracino desafiam estatisticamente esse fato. "Nós encontramos que a rede social on-line desempenha um papel positivo no bem-estar subjetivo através do seu impacto sobre as interações físicas, ao passo que [o uso de] sites de redes sociais está associado a menor confiança social", dizem eles. "O efeito global da rede no bem-estar individual é significativamente negativo", concluem.

Este é um resultado importante, pois é a primeira vez que o papel das redes on-line foi abordado em uma amostra tão grande e representativa e a nível nacional.

Sabatini e Sarracino destacam especialmente o papel da discriminação e incitação ao ódio em mídias sociais que dizem ter um papel significativo na confiança e bem-estar. Melhor moderação poderia melhorar significativamente o bem-estar das pessoas que usam redes sociais, eles concluem.

 

arxiv.org/abs/1408.3550: Online Networks and Subjective Well-Being

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