David Uip
Paulo M. Hoff
A construção de um sistema de atendimento público de saúde com acesso universal passa, obrigatoriamente, pela identificação das prioridades e o direcionamento adequado dos investimentos. Como em uma grande batalha, somente uma estratégia de implementação sólida torna possível que as experiências bem-sucedidas cheguem a todos os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS). Na sua concepção, o SUS já surgiu com um conceito de atendimento hierarquizado, de maneira a minimizar os desperdícios e assegurar o melhor atendimento possível aos pacientes. Esta estruturação é um dos maiores desafios de quem trabalha na gestão pública, uma vez que as partes do sistema já existiam e, por essa razão, nem sempre trabalham em sinergia. Com a implantação da Rede Hebe Camargo de Combate ao Câncer, o Estado de São Paulo mais uma vez inova e sai na frente na construção de um SUS cada vez melhor e mais integrado.
A rede se propõe a aumentar a eficiência do sistema, facilitando o atendimento da população de maneira mais hábil e rápida. A idéia central é de que as 71 unidades cadastradas para o atendimento do câncer no Estado de São Paulo atuem de forma coordenada, interagindo entre si tanto em termos de ensino e pesquisa, como na distribuição de atendimento. A implantação da rede já resultou em melhorias no Hospital Estadual de Heliópolis, na capital paulista, e no Hospital Guilherme Álvaro, em Santos. Com isso, paulatinamente irá levar para todas as unidades de saúde do Estado a excelência do atendimento e os protocolos do Instituto do Câncer de São Paulo (Icesp), eleito pela população paulista como o melhor hospital do Estado.
Com investimentos de mais de R$ 190 milhões, a implantação da rede irá garantir o acesso rápido e de qualidade aos pacientes oncológicos. Uma regulação única permitirá que as pessoas sejam atendidas na unidade mais próxima às suas residências e sejam transferidas apenas para tratamentos mais complexos. Com isso, os pacientes ganham tanto na qualidade do atendimento, quanto na facilidade de acesso aos diferentes serviços.
As melhorias chegarão a todas as regiões do Estado e irão garantir ampliações e adequações nas unidades de oncologia em cidades como Barretos, Catanduva, Sorocaba, Mogi das Cruzes, Araçatuba, Guarulhos e Osasco. Cerca de 12.000 novos pacientes por mês poderão ser beneficiados quando a Rede estiver completamente implementada. Além disso, contarão com um prontuário integrado, de forma que seu histórico médico possa ser facilmente acessado nas diferentes unidades que integram o projeto.
Além do atendimento assistencial, a Rede também garantirá o crescimento profissional de seus colaboradores, que passarão por treinamento, capacitação e reuniões clínicas para que os melhores protocolos possam ser implementados e seguidos em todo o Estado. Outra frente não menos importante e que certamente terá impacto no avanço de novas técnicas no tratamento do câncer, será o desenvolvimento de pesquisas em conjunto nas unidades da rede oncológica, garantindo um forte incentivo para essa área, fundamental para o avanço da medicina.
Estamos convictos de que iniciativas como esta continuarão fazendo do Estado de São Paulo um líder no sistema público de saúde, com a ampliação do atendimento não se restringindo a números, mas melhorando a qualidade com humanização. Esta tem sido uma marca do ICESP. O combate ao câncer é a nossa prioridade e nenhum paciente ficará fora da rede.
David Uip, médico infectologista, é secretário de Estado da Saúde de São Paulo
Paulo M. Hoff, oncologista, é Professor Titular da FMUSP e diretor-geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (ICESP)
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